No último dia de desfile, realizado no dia 4 de março(segunda-feira), passaram pela Avenida: São Clemente, Vila Isabel, Portela, União da Ilha, Paraíso do Tuiuti, Mangueira e Mocidade.
São Clemente
A escola abriu a segunda noite de Grupo Especial. A reedição de “E o samba sambou”, originalmente de 1990, caiu nas graças do público, que abraçou a preto e amarelo e vibrou com a crítica bem direta feita pela escola.
A São Clemente voltou a retratar os problemas da folia, mas focou nos temas recentes – que já aconteciam há anos e voltaram a ser retratados. A leitura foi clara na Avenida e fez com que o público se identificasse e compreendesse a proposta da agremiação.
O primeiro setor da escola mostrou como a Sapucaí virou um palco midiático, uma “Hollywood”. O segundo setor mostrou a troca do samba por outros ritmos musicais e mostrou a badalação dos camarotes na segunda alegoria. A terceira parte do desfile criticou a influência do dinheiro nas jogadas do Carnaval e sobrou até para os compositores que fazem o samba, mas não assinam. O quarta setor lembrou a vaidade dos carnavalescos e de musas, que brigam pelo posto de rainha de bateria. O final do desfile criticou o corte de verbas feito pela prefeitura, ao trazer uma alegoria de ferro, intencionalmente incompleta.
Vila Isabel
A Vila Isabel foi a segunda escola a cruzar a Avenida no último dia de desfiles do Grupo Especial. Com um enredo falando sobre a cidade de Petrópolis, na Região Serrana do Rio de Janeiro, a gigante de Noel entrou grande na Marquês, em um desfile quase perfeito, se não fosse o estourar de 1 minuto o tempo máximo do desfile, que é de 75 minutos. Por este motivo, a escola deve perder 1 décimo.
O enredo “Em nome do pai, do filho e dos santos – A Vila canta a Cidade de Pedro”, do carnavalesco Edson Pereira, que estreia na agremiação, foi muito bem trabalhado e impactou na Avenida, com um desfile luxuoso que apostou nos detalhes.
A Agremiação mostrou na Avenida carros enormes e muito bem trabalhados, unindo o tradicional e belas alegorias, finalizadas ricamente.
Dividido em três módulos, o abre-alas representou o “Corso Imperial sobre a sagração da fé”, trouxe uma grande carruagem em ricos detalhes, com cavalos representados no primeiro módulo, a cabine da carruagem no segundo e a Catedral São Pedro de Alcântara, em Petrópolis, no terceiro acoplado. Um trabalho rico, feito em dourado, com pensamento nos mínimos detalhes, gerou todo um furor na Avenida.
No segundo carro, uma grande surpresa: um grande índio com um cocar que saía água, molhou a Avenida, trazendo guardiões, reis, e os donos do paraíso: os índios, povo nativo das Américas.
Mostrando engrenagens e trazendo a modernidade, a terceira alegoria trouxe um elemento surpresa bastante interessante: uma locomotiva saída do meio do carro rumo à parte frontal, soltando fumaça e encenando a chegada da composição em uma estação. Um belo trabalho com evidência nos mínimos detalhes executados pelo carnavalesco Edson Pereira, estreante na Vila. Na traseira da alegoria, uma outra lembrança: a Bauern Fest, uma das festas alemães mais tradicionais do país, que acontece todos os anos, em junho, em Petrópolis.
Já o quarto carro da Vila Isabel trouxe a Velha Guarda dentro de um carro de luxo, mostrando o “Palácio Hollywoodiano”, detalhando o Hotel-Cassino Quitandinha, no início de Petrópolis, que serviu como palco para gravação de diversos filmes nacionais e internacionais.
A última alegoria mostrou uma época importante para a história do país quando, no final do Século XIX, diversas Leis assinadas libertaram o negro, até então escravo.
Portela
Grande era a expectativa em torno do desfile da Portela no Carnaval de 2019. Afinal de contas, a azul e branco de Madureira homenagearia sua maior baluarte: a cantora Clara Nunes. O samba fez seu papel e a comunidade mais ainda. A harmonia da escola, impulsionada pelo ótimo desempenho da bateria e atuação inspirada de Gilsinho, foi o ponto alto da agremiação. Mas erros durante o desfile fizeram com que a apresentação não chegasse ao nível esperado pelo portelense, que saiu da Avenida feliz pela lembrança de Clara, mas com dúvidas se a agremiação consegue entrar na briga pelo título.
O símbolo da escola, sempre muito aguardado, veio tímido, sem destaque entre os outros adereços do primeiro carro, e não impactou como de costume. A escultura, no entanto, emitia os sons do animal.
Harmonia: ponto alto do desfile da Portela, e não por menos. A comunidade que tanto sonhava em cantar Clara Nunes pôde soltar a voz na Avenida com o excelente samba-enredo. Não deu outra. Ótimo volume em todas as alas da escola, que ainda conseguiram comunicação com o público presente nas frisas.O excelente samba-enredo da Portela passou muito bem na Avenida. Mérito da ótima interpretação de Gilsinho, aliada à bateria de mestre Nilo Sérgio e o forte canto da comunidade portelense. Em termos de letra e melodia, dificilmente a escola perderá pontos e tem grandes chances de conseguir a nota máxima na apuração.
União da Ilha
Já a União da Ilha fez um desfile alegre, com belo trabalho da bateria e do intérprete Ito Melodia e que não apresentou muitas falhas. Falando sobre Rachel de Queiroz, José de Alencar e o Ceará ao mesmo tempo, em alguns trechos o enredo pareceu confuso, mas não no geral. A União da Ilha não se comprometeu e deve ter posição intermediária, podendo até mirar nas campeãs.
Paraíso do Tuiuti
A quinta escola a desfilar na madrugada da terça (5), às 2h53, seguiu a linha de enredos críticos que veio com força nesse ano, com a proposta: “O salvador da pátria”, do carnavalesco Jack Vasconcelos. A azul e amarelo de São Cristóvão trouxe para a Marquês de Sapucaí a história do “bode Ioiô”, figura “eleita” vereadora de Fortaleza, em 1922, como forma de protesto na época, e fez um paralelo à situação política atual do país.
Com enredo bem desenvolvido, e críticas ao ultra conservadorismo e à intolerância, Tuiuti fez um desfile exemplar que recebeu diversos aplausos do público no Sambódromo, mas enfrentou problemas com o último carro que afetaram a sua evolução. Nesse último carro, vieram faixas escritas “Ninguém solta a mão de ninguém”, que foram recebidas por diversos gritos de “ele não”.
Mangueira
Apontada como uma das favoritas no pré-carnaval, a Mangueira confirmou as expectativas após desfile emocionante já perto do início da manhã desta terça-feira (5), quando apresentou o enredo “História pra ninar gente grande”, do carnavalesco Leandro Vieira. Apoiada em um dos melhores sambas do ano, que saiu da bolha dos sambistas e alcançou salas de aula, a verde e rosa entoou a obra junto do povo presente na Sapucaí e terminou a apresentação ovacionada pelas arquibancadas, frisas e até camarotes.
A agremiação contou “a história que a história não conta” ao trazer o protagonismo de índios, negros e pobres e criticar o heroísmo de personagens que, segundo a escola, não são tão heróis assim, como Duque de Caxias, Pedro Álvares Cabral, Padre José de Anchieta e Princesa Isabel.
Citada no samba-enredo, a ex-vereadora Marielle Franco, executada em março de 2017, ganhou espaço no desfile a Mangueira. A palavra “presente”, aberta na comissão de frente, evocou a famosa hashtag #MariellePresente. Nas frisas, placas da Rua Marielle Franco e cartazes com os dizeres “Justiça para Marielle” também foram vistos. Ao final do desfile, bandeirões com o rosto da vereadora nas cores da escola foram ovacionados pelo público. No time que desfilou no encerramento da apresentação, estavam a cantora Tereza Cristina, o ator Humberto Carrão, o deputado Marcelo Freixo e Monica Benício, ex-esposa de Marielle.
Mocidade
Vi na minha Mocidade, o raiar de um novo dia”, cantava a verde e branco enquanto o sol nascia e iluminava o Sambódromo. Mocidade Independente do Padre Miguel fechou os desfiles do Grupo Especial, na madrugada da terça (05), às 5h33, com o enredo “Eu sou o tempo. Tempo é vida”, do carnavalesco Alexandre Louzada. Apesar da última posição ser sempre um desafio para manter a energia, a escola levantou o público num desfile simples, mas animado.
Um dos destaque da escola foi quando Elza Soares passou pela Sapucaí arrancando aplausos no carro abre-alas. A cantora, que participou da gravação do samba deste ano, foi confirmada pelo presidente da Agremiação como enredo da verde e branco para o Carnaval de 2020. Além dela, outro ponto que chamou a atenção do público foi a passagem da bateria “não existe mais quente”, do mestre Dudu, que realizou paradinhas bem recebidas e manteve o bom desempenho já característico dos ritmistas da Mocidade, dando um verdadeiro show na Avenida.
Quem será a grande campeã do Carnaval 2019? Amanhã saberemos!