7 escolas como Império Serrano, Viradouro, Grande Rio, Salgueiro, Beija-Flor, Imperatriz e Unidos da Tijuca se apresentaram na Sapucaí na noite deste domingo (3/março) e na madrugada de segunda-feira (4/março).
Império Serrano
Primeira escola a se apresentar neste domingo, abrindo a primeira noite de desfiles do Grupo Especial, o Império Serrano apresentou o enredo “O que é, o que é?”, sobre o sentido e os rumos da vida. Entrou na Avenida com 45 minutos de atraso, após uma forte chuva que caiu na região da Marquês de Sapucaí. De forma enxuta, com carros pequenos, a Verde e Branca de Madureira tentou driblar problemas derivados da falta de verbas, que ficaram evidentes em sua passagem.
A escola explicou o processo do nascimento e criação e evolução do ser humano. Foi bem dividido, com ênfase no ótimo trabalho do primeiro setor, que é o grande fator positivo do desfile. No desenvolver, pesou a falta de verbas, explicação dada pela própria presidente da escola, Vera Lúcia Corrêa, que assumiu que não teve dinheiro para investir mais no Carnaval.
Viradouro
Com o enredo “Viraviradouro”, sobre encantos e magias, a vermelho e branco teve todos os quesitos muito bem defendidos e ainda levantou boa parte do público, que geralmente ainda está frio no início de uma noite de desfiles. Aliado ao belo trabalho plástico, “Viraviradouro” foi bem desenvolvido e se mostrou de forma clara na Sapucaí. O universo de encantos e magias foi transportado para a pista e envolveu, por completo, o público presente no Sambódromo.
Dentre os pontos que mais chamaram atenção, estão: o abre-alas, “Histórias e mistérios sem fim”, que trazia livros em movimentos e chuva de papel picado; carro 3 “A Bela e a Fera” que trouxe todo o colorido da animação, remetendo o público ao mundo mágico da Disney; o carro 4, “Holandês voador, que um homem rodava a alegoria pendurado em uma corda; e o carro 5, “Motoqueiro fantasma”, que apostou numa encenação de mortos vivos em um cemitério e ainda contou com um motoqueiro que descia pilotando da alegoria para a pista. Ao final da apresentação, o carnavalesco Paulo Barros foi ovacionado pelo público.
A Viradouro deu um verdadeiro show na Avenida e é forte candidata a retornar no Desfile das Campeãs, que acontecerá no próximo sábado(09/março) e reúne as seis escolas mais bem colocadas nos dois dias de exibições.
Grande Rio
Com jogos de tabuleiro, acidentes de trânsito e poluição, a Acadêmicos do Grande Rio trouxe os maus hábitos dos brasileiros para a Sapucaí com o enredo “Quem nunca…? Que atire a primeira pedra”, dos carnavalescos Renato e Márcia Lage. Depois de ter sido rebaixada em 2018, mas ter permanecido no Grupo Especial, a escola veio com uma crítica aos julgamentos, como fala em seu samba: “falam de mim, eu falo de paz”.
Terceira a desfilar na madrugada de segunda (04), às 00h34, a tricolor fez uma boa passagem pela Avenida, mas não levantou tanto o público. A apresentação estava morna. Seu destaque ficou para a parte plástica da escola, que veio tecnológica e bem ornamentada.
Salgueiro
A escola fez uma apresentação boa e interessante, se destacando em alguns quesitos. O enredo sobre Xangô começou forte e o bom samba funcionou na Avenida. Um enredo comum à escola, a homenagem à Xangô, orixá de 2019, foi o grande trabalho da escola para este ano, seguindo com êxito trabalhos louváveis do Salgueiro nos últimos 10 anos de disputa no Grupo Especial, sempre figurando entre as primeiras colocações.
O trabalho plástico, unido ao canto forte, mostram porquê o Salgueiro é uma das agremiações mais aguardadas de todo o Carnaval, clamada por todos na Avenida. Contudo, o rendimento diminuiu no final, as alegorias tiveram problemas de acabamento e a escola acelerou no final para cumprir o tempo.
Beija-Flor
Em homenagem aos seus enredos marcantes, Beija-Flor de Nilópolis levou seus 70 anos de história para Avenida com o enredo “Quem não viu vai ver… as fábulas do beija-flor”, a aposta da comissão de Carnaval da azul e branco, que conta com Cid Carvalho, Bianca Behrends, Victor Santos, Rodrigo Pacheco e Léo Mídia para tentar o bicampeonato. A escola, que foi campeã em 2018 com o enredo “Monstro é aquele que não sabe amar (os filhos abandonados da pátria que os pariu)”, quando emocionou os espectadores, foi a quinta a passar pela Marquês de Sapucaí, na madrugada da segunda (4), com um desfile que deixou a desejar em determinados aspectos.
Apesar de fantasias exuberantes, do enredo que exalta a agremiação e da comunidade nilopolitana que sempre marca presença, a azul e branco veio com alegorias pouco impactantes e teve problemas de evolução. O samba-enredo, que é considerado fraco entre as obras do Carnaval 2019, não conseguiu emplacar na Avenida e afetou diretamente a harmonia da escola, que estava acostumada a não ter problemas nesses quesitos.
O conjunto alegórico da Beija-Flor de Nilópolis trouxe 5 carros para Avenida que apresentavam fábulas relacionadas à temática de cada setor do desfile. Essa decisão da comissão de Carnaval deixou uma certa confusão sobre como os carros se encaixavam no enredo da escola, uma vez que não eram diretamente relacionados aos desfiles históricos da agremiação.
As 5 alegorias foram: “O vento norte e o sol”, “A raposa e as uvas”, “A galinha dos ovos de ouro”, “A cigarra e a formiga” e “A assembleia dos ratos”.
Imperatriz
Penúltima escola a desfilar no primeiro dia do Grupo Especial, a Imperatriz Leopoldinense levou à Marquês de Sapucaí uma grande brincadeira. Com o enredo “Me dá um dinheiro aí”, dos carnavalescos Mário e Kaká Monteiro, a agremiação teve problemas logo no início do desfile, com a entrada do abre-alas.
Com carros de fácil leitura, grande apelo popular e diversas críticas sociais, a Imperatriz Leopoldinense padeceu perante à parada do primeiro carro no Setor 1. Uma alegoria majestosa, de tamanho impressionante, apostou em um acoplado com uma grande coroa na cor branca. Se não fosse o problema na execução, teria sido um resultado incrível.
O segundo carro da Imperatriz trouxe um grande navio negreiro, falando sobre a venda de escravos como um método comercial.
Já a terceira alegoria fez uma brincadeira com os banqueiros, e o sistema bancário, trazendo o “Thesouro Nacional”. Para coroar, com uma grande crítica, mostrou um grande cofre em sua parte frontal com seis fundos, tratando o dinheiro como sujo, representado por ratos.
O quarto carro da Verde e Branca, a Bolsa de Valores foi apresentada como um sistema de especulação monetária. Fazendo um jogo com a queda e ascensão da bolsa, muitos gráficos e porcentagens foram apresentados na lateral do carro.
Mostrando o “sonho da casa própria”, e o contraste social entre um apartamento de classe média alta e a vida nas favelas, a dupla de carnavalescos ousou bastante na brincadeira e nas riquezas dos detalhes, como elementos característicos e estigmatizados: caixas d’água expostas, fiação desordenada, canos, toalhas de banho nas janelas, e um gato (animal) representado em cima de um transformador de energia deixaram um tom engraçado e de fácil identificação.No último carro, a história da escola mostrou o dinheiro virtual, Bitcoin, tratado como “moeda do futuro”. A alegoria trouxe figuras ilustres da agremiação, como o cantor Elymar Santos. Unidos da TIjuca
Sétima e última escola a se apresentar na primeira noite de desfiles das escolas de samba do Rio de Janeiro, já no amanhecer desta segunda-feira, 4, a Unidos da Tijuca fez uma bela apresentação discorrendo sobre o pão. A agremiação deve brigar pelo título na próxima quarta-feira 6, quando irá ocorrer a apuração.
A exibição marcou o retorno do carnavalesco e diretor de carnaval Laíla à escola do Borel, bairro da zona norte do Rio, após 24 anos na Beija-Flor – durante os quais a escola da Baixada Fluminense conquistou nove títulos. Laíla divide a função de carnavalesco com seu auxiliar Fran Sérgio, que o acompanhou ao sair da Beija-Flor, e três outros componentes que já trabalhavam na Tijuca. Ex-auxiliar de Joãosinho Trinta (1933-2011), o carnavalesco se sentiu desvalorizado pela Beija-Flor e saiu mesmo após conquistar mais um título, em 2018. Acolhido pela Tijuca, na qual já havia trabalhado de 1980 a 1983, neste ano Laíla ajudou a organizar um desfile que superou em qualidade o da Beija-Flor, agora com uma comissão de cinco carnavalescos.
A Tijuca explorou bastante o significado religioso do pão, retratando a santa ceia no carro abre-alas e várias outras passagens bíblicas em alas e encenações – uma das mais impactantes representou o calvário de Cristo antes de ser crucificado. Não faltaram menções ao “pão que o diabo amassou” e ao pão de santo Antônio, que segundo a crença católica deve ser guardado para que nunca falte alimento no lar.
Também foi lembrado o significado do pão na história – a política do pão e circo durante o Império Romano, a importância do produto no eclodir da Revolução Francesa (quando Maria Antonieta teria dito que, se não havia pão, o povo devia comer brioches) e em uma revolta de operárias russas.
A escola esbanjou luxo, com alegorias e fantasias muito bem acabadas, e aproveitou a iluminação natural do amanhecer, que tornou mais visíveis os detalhes. O transcorrer do desfile também foi bastante satisfatório, sem correria nem imprevistos. Ao final, componentes e o público se uniram em um coro de “é campeão”.
Continuem acompanhando a cobertura e o último dia de desfile do grupo especial.