Oito escolas desfilaram na segunda e última noite da Série Ouro: União de Jacarepaguá, Unidos da Ponte, Unidos de Bangu, Em Cima da Hora, Porto da Pedra, União da Ilha, Império da Tijuca e Inocentes de Belford Roxo.
União de Jacarepaguá
A União de Jacarepaguá abriu a segunda noite de desfiles do Grupo de Acesso na Marquês de Sapucaí, no Rio de Janeiro, com mais de 40 minutos de atraso em relação ao cronograma inicial informado pela organização do evento e maior presença de público em relação aos desfiles de sexta.
A União de Jacarepaguá apresentou em seu desfile na Sapucaí o enredo Manuel Congo, Mariana Crioula, os heróis da liberdade no Vale do Café, com desenvolvimento dos carnavalescos Lucas Lopes e Rodrigo Meiners, que também atua na Barroca da Zona Sul, em São Paulo.
Manuel Congo liderou a maior rebelião de escravizados no Vale do Paraíba. Mariana Crioula participou do mesmo movimento, sendo aclamada a rainha do quilombo formado pelos negros fugitivos pertencentes ao capitão-mor de ordenanças Manuel Francisco Xavier. A revolta aconteceu em Paty do Alferes.
Unidos da Ponte
A tradicional Unidos da Ponte foi a segunda escola a pisar na Avenida na segunda noite de desfiles do Grupo de Acesso na Marquês de Sapucaí, no Rio de Janeiro. Liberte nosso sagrado: o legado ancestral de Mãe Meninazinha de Oxum foi o título do enredo 2023 da Ponte. O enredo foi desenvolvido pelos carnavalescos Rodrigo Marques e Guilherme Diniz.
Em busca de um lugar ao sol na divisão principal do Carnaval, o tema abordou a saga contra o racismo religioso de uma das mais importantes Iyalorixás do Brasil. A narrativa celebra também a ligação da mãe de santo com a cidade de São João do Meriti, sede da agremiação.
Unidos de Bangu
Aganjú – A visão do fogo, a voz do trovão no Reino de Oyó foi o tema apresentado pela agremiação na Marquês de Sapucaí.
De temática afro, a vermelha e branca trouxe o quinto Alafim no Império de Oyó, filho de Ajacá, neto de Oraniã e sobrinho de Xangô. Representação máxima do poder de Olurum. Vaidoso, forte e destemido, carrega nas mãos o Oxé simbolizando a imparcialidade. É a divindade da vida, representada pelo fogo, segundo a cultura do Candomblé.
Denso e cercado de toda a espiritualidade, diferente do Carnaval mais brejeiro do ano passado, o projeto banguense levou assinatura de Robson Goulart.
Em Cima da Hora
A Em Cima da Hora foi a quarta escola a pisar na Avenida na segunda noite de desfiles do Grupo de Acesso na Marquês de Sapucaí, no Rio de Janeiro.
Com um tema forte, a escola passou pela passarela do samba sem maiores problemas com a condução de suas alegorias e o tempo regulamentar, mas foram repetidas as falhas em figurinos e nos carros, e certa confusão na forma como a história foi contada.
A agremiação contou a história de Esperança Garcia, mulher negra, escravizada que, no século XVIII, no Piauí colonizado, ergueu-se como voz da resistência e lutou contra os terrores da escravidão.
Porto da Pedra
A Unidos do Porto da Pedra foi a quinta escola a pisar na Avenida na segunda noite de desfiles do Grupo de Acesso na Marquês de Sapucaí, no Rio de Janeiro.
Cotado com uma das favoritas ao título da Série Ouro esse ano durante o pré-Carnaval, o Tigre de São Gonçalo, embalado pelo samba popular e de melodia envolvente, mexeu com o público, passou sem problemas pela pista e saiu como uma das candidatas ao campeonato.
A Unidos do Porto da Pedra apresentou desfile desenvolvido pelo carnavalesco Mauro Quintaes, que teve como enredo A Invenção da Amazônia: Um delírio do imaginário de Júlio Verne. Baseado no livro A Jangada: 800 léguas pelo Amazonas, o tema, do enredista Diego Araújo, trata de uma aventura delirante do escritor francês Júlio Verne, pai da ficção científica e de fantasia, que jamais pisou em solo brasileiro. A escola prometeu apresentar na Sapucaí uma fascinante viagem pela Amazônia.
União da Ilha
O encontro das águias no templo de Momo é o título do tema desenvolvido pelo carnavalesco Cahê Rodrigues e apresentado nesta noite.
Madrinha da escola insulana, a Portela, que completa 100 anos de fundação no próximo ano, foi a grande homenageada do desfile. Como mote, a tricolor usou o símbolo em comum das duas escolas, a águia, para ser o fio condutor da história. A Ilha também celebrou seus 70 carnavais.
Império da Tijuca
O Império da Tijuca foi a penúltimo escola a pisar na Avenida na segunda noite de desfiles do Grupo de Acesso na Marquês de Sapucaí, no Rio de Janeiro.
Já com o dia amanhecendo, a tradicional escola do Morro da Formiga começou bem sua apresentação, com comissão de frente e abre-alas que impactaram o público que ainda resistia ao cansaço da longa jornada carnavalesca. Porém, como o passar dos minutos, problemas de acabamento e tropeços no cortejo, ficaram aparentes na passagem tijucana.
Cores do Axé é o título do tema desenvolvido pelos carnavalescos Júnior Pernambucano e Ricardo Hessez, estreando na agremiação na função.
A história apresenta a união de uma poderosa narrativa ao olhar precioso de quem soube reconhecer e se inspirar em um elemento tão potente e enriquecedor, imbuído da força primordial, transformadora e criativa: o Axé.
Inocentes de Belford Roxo
A Inocentes de Belford Roxo levou para a Avenida no Carnaval 2023 o enredo Mulheres de barro. As mulheres de barro guardam as linhas do passado nas mesmas mãos que moldam o futuro e são parte da identidade viva da região de Goiabeiras Velha, próximo de Vitória, capital do Espírito Santo.
Donas de um saber que existe há mais de 400 anos, elas receberam das mãos das mulheres indígenas o poder ancestral da arte. As técnicas utilizadas na confecção de panelas de barro vindas dos povos Tupi-Guarani e Una foram passadas de geração a geração entre as tribos e inspiraram as paneleiras capixabas. Defendendo a importância dessa arte, o grupo lutou por espaço na sociedade e na cultura capixaba, e o saber das paneleiras hoje é reconhecido como patrimônio cultural imaterial.