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CARNAVAL DO RIO 2020: DESFILES DO GRUPO ESPECIAL NO DOMINGO

CARNAVAL DO RIO 2020: DESFILES DO GRUPO ESPECIAL NO DOMINGO

Variedades

7 escolas abriram os desfiles do Grupo Especial do Carnaval do Rio de Janeiro no domingo.

Estácio de Sá
A escola foi a primeira a se apresentar na passarela do samba na  primeira noite de desfiles. Festejando os 50 carnavais  da professora Rosa Magalhães, a agremiação busca permanecer no Grupo Especial. Apesar de simples, passou sem erros. O enredo Pedra abordava como o fragmento está presente em diversas narrativas na história da humanidade. Idade da Pedra Lascada, o garimpo, a busca e o fascínio pelas pedras preciosas eram alguns do fatores que estavam no texto de Rosa.  Entretanto, apesar da consistência do quesito, a escola pode perder ponto, pois um  o terceiro casal estava em posição trocada com a ala 20,  as três primeiras alas do último setor também.

Unidos do Viradouro
Com o refrão “Ó, mãe! Ensaboa, mãe! Ensaboa pra depois quarar”, a Unidos do Viradouro, de Niterói, segunda escola da noite, contagiou o público na Marquês de Sapucaí ao contar uma história que se passa na Bahia com bastante africanidade. Trata-se das ‘Ganhadeiras’ de Itapuã, que são lavadeiras descendentes de mulheres que foram escravizadas e lutaram contra a opressão.

Através do enredo “Viradouro de alma lavada” concebido pelos carnavalescos Marcus Ferreira e Tarcisio Zanon, a agremiação também reforçou o conceito de empoderamento feminino além de ter mostrado as chagas de um país desigual e como a fé de matriz africana é um alento nas dificuldades diárias, um meio de conexão com algo superior à nossa compreensão. Isto foi explícito em uma apresentação dedicada a Oxum, que no sincretismo religioso é Nossa Senhora da Conceição.

Mangueira
A escola mais uma vez se credencia como uma das favoritas para vencer o carnaval carioca com mais uma pesada crítica que toca nas feridas da sociedade. O carnavalesco Leandro Vieira levou à passarela Professor Darcy Ribeiro, o enredo ‘A verdade vos fará livre’, trazendo um Jesus Cristo onipresente em situações drásticas como a morte de negros em favelas do Rio de Janeiro, vítimas de um racismo estrutural, e intolerância religiosa contra praticantes de religiões não cristãs, contrastando com o preceito do estado brasileiro que deveria ser laico. No entanto, o privilégio de professar a religiosidade, blindados da intolerância, ainda está com os católicos e evangélicos.

A Mangueira, com suas alegorias ‘gigantes’ nos carros alegóricos, fez um desfile literalmente povoado, como se trouxesse consigo uma nação em verde e rosa, insatisfeita com o que acontece no território ‘verde e amarelo’ e por isso clama e exige uma reflexão sobre Jesus e sua benevolência. Será que Jesus, concordaria com o que acontece diariamente? A apresentação não teve críticas políticas diretas, porém, nas entrelinhas… A tradicional agremiação do Morro da Mangueira, mais uma vez, marcou sua posição sociopolítica por meio de um cristianismo interpretado de uma maneira crua e real.

Paraíso do Tuiuti
Quarta escola a desfilar no primeiro dia do Grupo Especial (24), levou o enredo “O Santo e o Rei: Encantarias de Sebastião”, de João Vitor Araújo, para a Sapucaí em desfile fraco que a deve colocar longe das primeiras colocadas. Um ponto alto do desfile foi a boa plástica de seu conjunto alegórico e a boa performance do casal de mestre-sala e porta-bandeira. O samba-enredo, no entanto, não empolgou a Avenida, o que acarretou em problemas para a escola na parte de harmonia. Além disso, a azul e amarelo teve que correr ao fim do desfile e fechou o portão cravado nos 70 minutos permitidos, mas prejudicou sua evolução.

Grande Rio
Após enredos biográficos de personalidades como Ivete Sangalo (2017) e Chacrinha (2018) e um genérico intitulado como ‘Quem Nunca… ? Que Atire A Primeira Pedra’, a Grande Rio, finalmente, tenta se aproximar à cultura e da população de Duque de Caxias, seu reduto originário. Com um enredo “Tata Londirá: O canto do caboclo no quilombo de Caxias” sobre pai de santo Joãozinho da Gomeia (1914-1971), que foi uma personalidade local respeitada no candomblé, sua religião, quanto por adeptos da umbanda. A concepção foi feita pela dupla de carnavalescos Gabriel Haddad e Leonardo Bora, que fizeram um bom trabalho na Cubango, de Niterói, no Grupo de Acesso, antes de assumirem o comando da escola de Caxias.

Vale destacar que o último enredo com temática afro da escola de samba duque-caxiense foi em 1994. Na época, a tricolor da Baixada Fluminense, trouxe para a Sapucaí, o desfile: “Os santos que a África não viu”.

Apesar do bom samba enredo e uma apresentação regular, a Grande Rio teve problemas na entrada de um carro alegórico na avenida e isso pode ter atrapalhado na evolução a escola, que poderá perder ponto neste quesito.

União da Ilha do Governador
Com uma temática extremamente realista, pouca carnavalizada e até “triste”, não teve ‘riqueza de ser feliz’. A escola ainda enfrentou graves problemas de evolução, correu no final e estourou o tempo do desfile. Com o enredo “Nas encruzilhadas da vida, entre becos, ruas e vielas, a sorte está lançada: salve-se quem puder”, os carnavalescos Laíla, Fran Sérgio e Cahê Rodrigues propuseram-se a falar sobre os principais problemas sociais que assolam o país.

Durante o desfile a escola apresentou momentos como: o assalto do 157, tiroteios em escolas da rede pública de ensino, fome, abandono e principalmente a falta de investimento em educação.

Portela
A tradicional Portela foi a última escola de samba a desfilar no primeiro dia do Grupo Especial do carnaval do Rio de Janeiro. O amanhecer ajudou no clima que a carnavalesca Márcia Lage quis passar ao público com o enredo “Guajupiá, terra sem males!”, que retrata a mitologia indígena muito antes da invasão bárbara dos portugueses por meio da vil colonização, onde os índios tupinambás que chegavam ao Rio de Janeiro concebiam o espaço como um Guajupiá, ou seja, um paraíso idílico. Desta forma, mostrando um Brasil que não conhecemos nem nos livros de História.

A escola de Oswaldo Cruz além de trazer um tema pertinente contou com uma excelente evolução e harmonia de seus componentes embalados por um samba enredo forte somado às bem acabadas fantasias e alegorias, com destaque para as esculturas indígenas. Inclusive, a águia, símbolo máximo da Portela, apareceu em carros alegóricos diferentes, estilizada como se tivesse sido esculpida por índios.

Sobre a autora

Magrinha de corpo e gordinha de alma. Carioca, redatora publicitária e chocólatra. Adora desbravar o universo gastronômico.

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