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CARNAVAL 2019 RJ: Resumo dos desfiles na Sapucaí

CARNAVAL 2019 RJ: Resumo dos desfiles na Sapucaí

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Esse ano, através do credenciamento da LIESA e da Riotur eu fui conferir os 4 dias de desfiles das escolas de samba + o desfile das campeãs. Foi uma maratona intensa, porém maravilhosa.

A Sapucaí teve as primeiras apresentações do Carnaval 2019 na sexta-feira(1 de março) com as 7 escolas do Grupo de Acesso. Nesta data, uma chuva forte caiu no Rio e alagou toda a pista do Sambódromo, causando prejuízo nas alegorias e fantasias, além de atrasar o início dos desfiles, mas nem isso tirou o brilho e a empolgação das escolas.

Unidos da Ponte abriu os desfiles e falou sobre as oferendas religiosas. Em seguida, desfilou a Alegria da Zona Sul falando sobre a umbanda. A Acadêmicos da Rocinha desfilou logo depois, tazendo para a Sapucaí uma crítica ao racismo com o enredo: “Uma banana para o preconceito”. A Acadêmicos de Santa Cruz emocionou com uma homenagem a Ruth de Souza, atriz negra que marcou as artes cênicas, sendo a primeira a se apresentar no Theatro Municipal e a protagonizar novela. Na cadeira de rodas, ela desfilou no abre-alas aos 97 anos. A Unidos de Padre Miguel falou sobre o grande dramaturgo Dias Gomes e suas principais obras, como “O Bem Amado” e “Roque Santeiro”. A Inocentes de Belford Roxo falou sobre o cangaço e a cultura nordestina. A Acadêmicos do Sossego encerrou o primeiro dia de desfiles da Série A e falou sobre as diferentes religiões, criticando a intolerância. Componentes passaram com mordaças, representando as dificuldades de professar sua fé.

No segundo dia de desfile(2 de março) do Grupo de Acesso, a chuva deu uma trégua e quem passou pela avenida foram: Unidos de Bangu, Renascer de Jacarepaguá, Estácio de Sá, Porto da Pedra, Império da Tijuca e Acadêmicos do Cubango.

A Estácio de Sá fez um desfile digno de sua história, falando da religiosidade panamenha com ótimo samba, boas alegorias e técnica correta. Já a Império da Tijuca falou sobre o ciclo do café e as cidades produtoras. A Porto da Pedra homenageou o ator Antônio Pitanga. A escola representa São Gonçalo e esteve por muitos e muitos anos no Grupo Especial. As alegorias da escola do tigre eram grandiosas e traziam amigos e familiares de Pitanga. A Renascer de Jacarepaguá falou sobre Iemanjá e as celebrações em torno dela em Salvador. Por fim, a Acadêmicos do Cubango encerrou falando sobre os objetos de devoção e as oferendas.

Terceiro dia de desfile. Foi minha primeira vez vendo as escolas do grupo especial desfilarem. Uma experiência incrível que recomendo a todos.
Neste dia desfilaram: Império Serrano, Viradouro, Grande Rio, Salgueiro, Beija-Flor, Imperatriz e Unidos da Tijuca.

Império Serrano
Com o enredo “O que é o que é?”, do carnavalesco Paulo Menezes, o Império entrou na Avenida com atraso, após uma forte chuva que caiu na Sapucaí. Com carros pequenos, a Verde e Branca de Madureira tentou driblar problemas derivados da falta de verbas. A escola acabou caindo para o grupo de acesso.

Viradouro
A Viradouro falou sobre histórias de um livro mágico, com o enredo “viraviradouro”. “O Viraviradouro é um livro. Esses livro é trazido pela nossa avó. O intuito dela nesse livro é recontar as histórias da infância, nos trazer de volta a inocência, aquilo tudo que a gente perde quando a gente fica adulto”, explica o carnavalesco Paulo Barros.  Dentre os pontos que mereceram destaque no desfile, estão: o abre-alas, “Histórias e mistérios sem fim”, que trazia livros em movimentos e chuva de papel picado; o carro 4, “Holandês voador, que um homem rodava a alegoria pendurado em uma corda; e o carro 5, “Motoqueiro fantasma”, que apostou numa encenação de mortos vivos em um cemitério e ainda contou com um motoqueiro que descia pilotando da alegoria para a pista. O público ficou encantando do começo ao fim do desfile.

viradouro-carnaval2019

Grande Rio
Com jogos de tabuleiro, acidentes de trânsito e poluição, a Acadêmicos do Grande Rio trouxe os maus hábitos dos brasileiros para a Sapucaí com o enredo “Quem nunca…? Que atire a primeira pedra”, dos carnavalescos Renato e Márcia Lage. O desfile não empolgou o público.

granderio-carnaval2019Salgueiro
O Salgueiro levou para a Avenida um enredo sobre o orixá Xangô, responsável pelos raios, trovões e fogo. O carnavalesco Alex de Souza contou a devoção à entidade, responsável por uma batalha contra o mal e pela justiça. O desfie estava encantador.

Beija-Flor
A escola de Nilópolis cantou seus 70 anos de glória com o enredo “Quem não viu vai ver as fábulas do beija-flor” do carnavalesco Cid Carvalho. O casal da Beija-Flor Claudinho e Selminha Sorriso, que está na azul e branco desde 1996, é sempre um dos pontos altos do desfile. Com uma sintonia impecável, a dupla passou pela Avenida de “casal de beija-flores encantados bailando e rodopiando pelos ares” com figurino estonteante em tons de roxo, lilás, prata e azul.

Imperatriz
A Imperatriz Leopoldinense levou à Marquês de Sapucaí uma grande brincadeira. Com o enredo “Me dá um dinheiro aí”, dos carnavalescos Mário e Kaká Monteiro. Em um dos carros, mostrou o contraste social entre um apartamento de classe média alta e a vida nas favelas, a dupla de carnavalescos ousou bastante na brincadeira e nas riquezas dos detalhes, como elementos característicos e estigmatizados: caixas d’água expostas, fiação desordenada, canos, toalhas de banho nas janelas, e um gato (animal) representado em cima de um transformador de energia deixaram um tom engraçado e de fácil identificação. No último carro, a história da escola mostrou o dinheiro virtual, Bitcoin, tratado como “moeda do futuro”
imperatiz-carnaval2019

Unidos da TIjuca
A Tijuca entrou na Avenida com o dia claro. Impulsionada por uma comunidade forte, que fez bonito em harmonia e evolução, a azul e amarelo do Borel trouxe o pão no enredo “Cada macaco no seu galho. Ó, meu pai, me dê o pão que eu não morro de fome”. Ao falar sobre a simbologia do pão em diversas partes da história, o enredo da Tijuca trouxe desde o aspecto religioso às críticas sociais e da fome que atinge a sociedade. O tema também passeou pela história, com direito a navio negreiro, escravidão e civilizações europeias.
unidosdatijuca-carnaval2019

No último dia de desfile, passaram pela Avenida: São ClementeVila Isabel, Portela, União da IlhaParaíso do Tuiuti, Mangueira e Mocidade.

São Clemente
São Clemente foi a primeira a escola a desfilar na segunda-feira com o enredo: “E o samba sambou”, do carnavalesco Jorge Silveira, uma releitura do desfile de 1990.

Unidos de Vila Isabel
A escola homenageou a cidade de Petrópolis, com o enredo “Em nome do pai, do filho e dos santos – a Vila canta a cidade de Pedro”, do carnavalesco Edson Pereira.
vila-carnaval2019

Portela
A terceira escola a desfilar fez uma homenagem a Clara Nunes, com o enredo “Na Madureira moderníssima, hei sempre de ouvir cantar uma Sabiá”, da carnavalesca Rosa Magalhães. A bateria desfilou arrepiando o público.
portela-carnaval19União da Ilha
A União da Ilha contou com o enredo “A peleja poética entre Rachel e Alencar no avarandado do céu”, do carnavalesco Severo Luzardo.

Paraíso do Tuiuti
O enredo do Paraído do Tuiuti desse ano foi: “O salvador da pátria”, do carnavalesco Jack Vasconcelos. O tema narra a trajetória do bode Ioiô, famoso personagem cearense.
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Mangueira
A agremiação contou “a história que a história não conta” ao trazer o protagonismo de índios, negros e pobres e criticar o heroísmo de personagens que, segundo a escola, não são tão heróis assim, como Duque de Caxias, Pedro Álvares Cabral, Padre José de Anchieta e Princesa Isabel.

Citada no samba-enredo, a ex-vereadora Marielle Franco, executada em março de 2017, ganhou espaço no desfile. A palavra “presente”, aberta na comissão de frente, evocou a famosa hashtag #MariellePresente. A Mangueira conquistou o público e os jurados e foi a vencedora do Carnaval 2019.

mangueira-carnaval2019

Mocidade
O samba-enredo da Mocidade Independente não conseguiu as notas máximas na apuração – a escola totalizou 29,7 no quesito -, mas a obra conhecida como ‘Menino Tempo’ conquistou o público no Carnaval 2019 do Rio de Janeiro. Durante o desfile da agremiação no sábado das campeãs, o sucesso da composição foi mais uma vez comprovado. Na reta final da apresentação, quando o relógio já marcava 1 hora e 8 minutos da verde e branco na Avenida, o som da Sapucaí falhou, por cerca de 2 minutos, e a comunidade, junto do público da passarela do samba, cantou forte os versos do samba-enredo.

mocidade-carnaval2019

Esse ano as escolas de samba que desceram para o Grupo de Acesso foram: Imperatiz e Império. Já quem subiu para o Grupo Especial foi: Estácio de Sá. Parabenizo todas as escolas de samba e todos os profissionais envolvidos pela garra, dedicação. Até 2020!

Sobre a autora

Magrinha de corpo e gordinha de alma. Carioca, redatora publicitária e chocólatra. Adora desbravar o universo gastronômico.

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